sábado, 3 de setembro de 2016

Acaso 61028031


Well, maybe I'm a crook for stealing your heart away
Yeah, maybe I'm a crook for not caring for it
Yeah, maybe I'm a bad, bad, bad, bad person
Well, baby I know
And these fingertips
Will never run through your skin
And those bright blue eyes
Can only meet mine across a room
Filled with people that are less important than you
Oh, 'cause you love, love, love
When you know I can't love
You love, love, love
When you know I can't love
You love, love, love
When you know I can't love you
So I think it's best
We both forget
Before we dwell on it
The way you held me so tight
All through the night
'Til it was near morning

Eu já havia planejado tudo para o meu dia, e você não estava nos meus planos. Apesar de tê-lo convidado, não contava com a sua presença. Foi quando você chegou e senti meu coração bater mais forte. Depois de um ano sem você, sem ver-te, sem amar-te, um passo e um abraço foram suficientes para reviver tudo que senti naquele ano.

Conversas, olhares, sorrisos. Confesso que fiquei tímida, deslocada, sem saber como abordar-te. Tudo que eu queria era ouvir-te, saber como anda sua vida, o que faz, o que pensa, o que sente, o quanto mudou e o quanto cresceu. Tantos anseios, mas foi impossível traduzi-los em palavras. Tudo que eu podia fazer era sorrir para você.

Você disse que ia embora, e eu estava certa de que nosso momento acabaria ali. Mas você mudou de ideia, e ali permaneceu a noite toda. No calor das brincadeiras, as bebidas, as risadas, começamos a conversar. Eu não aguentei ficar perto del ti por muito tempo sem abraçar-te, e assim o fiz.

- Eu gosto muito de você, sabia?
- É? Por quê?
- Porque sim.

Eleonor apenas me observava e ria, ciente de que eu estava flertando um pouco. Eu não estava com vergonha de ninguém, nem mesmo de você. Tudo que eu queria era aproveitar esse momento antes que ele acabasse. Conversamos muito. Sobre a sua ex, sobre a igreja, sobre o quartel. Em uma das conversas, peguei sua mão e entrelacei nossos dedos. Eu não conseguia me conter, tudo que eu queria era nunca mais soltar-te. Você correspondeu, e enquanto conversávamos, nossas mãos se tocavam. Naquele quarto, várias pessoas na cama, rindo, e eu só conseguia ouvir-te.

Havia chegado a hora de ir embora. Eu não queria, mas era necessário. Mais uma vez, eu estava certa de que nosso momento acabaria ali. Mas, mais uma vez, o acaso brincou comigo. Você passaria a noite com a gente, e tudo que eu podia fazer era sorrir. Nos aproximamos, e entre risadas sobre o terceiro elemento, nossas mãos se tocavam. Agora, devido à posição, já não eram mais só as mãos que se tocavam. As mãos iam aos rostos. Eu te olhei como há muito tempo não olhava para ninguém. Eu te encarava, olho no olho, e apreciava a sua beleza. Mão no seu cabelo, no seu rosto, na sua bochecha, na sua barba. Mão nos seus lábios. Que lábios! Sua mão no meu cabelo, me fazendo carinho. Que carinho! Beijava minha mão com tanta delicadeza que eu me questionava sobre minha capacidade de resistir àquela ternura.

Os olhares eram correspondidos. Eu te olhava com desejo e admiração, e assim você fazia também. Eu pedi um abraço e o apertei tão forte que não queria soltar. Foi quando decidi falar. Outra vez.

- Sabia que eu gosto de você?
- Gosta?
- Sim, desde 2014. Eu sempre gostei de você. Só que eu também gosto do meu namorado.
- Mesmo quando eu era infantil? Por quê?
- Sim... Eu contava com o fato de que se acontecesse algo você mudaria, cresceria... Tal como aconteceu.

Entre carinhos, consegui dizer todas as palavras olhando fixamente em seus olhos, que correspondiam.

- Eu não vou ficar com você, embora eu queira. Durante muito tempo me senti culpada, mas contei para Eleonor e ele disse que não era errado eu me sentir assim. Era normal. Você já sentiu algo por mim?
- Já...
- O que?
- Eu me sentia atraído por você. Mas quando vi que você namorava, eu descartei isso.
- Como você conseguiu?
- É só não pensar.
- É, funcionou quando eu estava longe.

Todos os diálogos eram mantidos por grandes pausas. Olhar para você, sentir-te, corresponder seus carinhos e ainda ter que falar e analisar cada reação tomava tempo demais.

- Me abraça?

Abraçamo-nos. Ganhei vários beijos na testa e na bochecha. Seu beijo é diferente. Molhado, pequeno, leve, gelado. Idealizo que seja doce. Seus braços eram fortes, e minha mão se perdia em seus contornos. Em algum momento, o terceiro elemento percebeu que havia uma tensão entre aquelas duas almas que tanto se olhavam.

- Não, não tem nada acontecendo entre a gente.

Comecei a me referir como se a história toda fosse sobre Eleonor.

- Estou dizendo que se caso eu não tivesse namorado, eu namoraria o Eleonor porque ele é um cara muito, muito bacana.
- Sério? – Você se espantou. Eu apenas sorri, confirmando que sim.

Depois de te contar tudo, e das desconfianças do terceiro elemento, surgiu uma ponta de arrependimento. "Eu amo o Le, sempre amarei. Com ele, terei uma vida pela frente e eu jamais abriria mão disso. Mas o Rot... Ele é a parte da minha vida que nunca aconteceu – e nunca acontecerá. Se eu o tivesse conhecido em outras oportunidades, talvez as coisas fossem diferentes. Mas estou satisfeita com elas como são. Se algo existirá no futuro, não cabe a mim tentar saber. São obras do acaso, e eu bem sei o quanto ele é capaz de brincar comigo"

Fui para meu canto, entre meus pensamentos e devaneios. Você se preocupou.

- Oi, o que foi? Fala comigo. Tá tudo bem?
- Quero dormir, é só isso.

"Eu não devia ter feito isso. Eu não devia. Devia. Eu não. Eu. Eu quero beijá-lo. Eu o beijo? Quais serão as consequências disso? Saldo negativo ou positivo? Economia Heterodoxa ou Ortodoxa? Hétero? Eu quero. Não quero. Eu vou. Não vou. Não posso. Não vou."

Nós dormimos por uma hora. Até que acordei e te vi deitado ao meu lado. Passei a mão em seus braços como que agradecendo ao universo por aquele momento. Fui ao banheiro e, na volta, você acordou. Já era dia, que sensação maravilhosa. Abri a cortina e o sol estava nascendo no céu maravilhoso de Arpo.

- Bom dia.
- Oi.

Você abriu os olhos com um sorriso que pretendo nunca esquecer. Juro nunca esquecer. Deitei ao seu lado, e a ternura continuou.

- Você é linda.

Eu correspondi com o melhor sorriso que eu poderia dar.

- Linda, linda, linda. Eu dizia o contrário, mas sempre te achei linda.

“Que cara, em sã consciência, chama uma garota de linda quando ela acorda? Cabelo todo atrapalhado, bafo de leão, maquiagem borrada.”

E ainda assim, você pareceu tão sincero que tudo que eu queria fazer era abraçá-lo, e assim o fiz. Por vários momentos. Minha cabeça em seu ombro. Seu cheiro no meu corpo. Seu abraço no meu peito. Continuamos nos olhando fixamente. Carinho na mão, no rosto, entrelaçados a sorrisos. “Eu acho que talvez eu te ame. Mas jamais direi”. Você mexeu no meu cabelo da forma mais doce possível. “Onde você aprendeu ser tão lindo?”

- Seu cabelo é lindo.
- Obrigada!

Quando você se tornou tão fofo? Quando eu me tornei merecedora disso? Eu, e talvez só eu, sei dos meus problemas de autoestima. (...) Mas ele, com apenas algumas palavras e vários gestos, conseguiu fazer eu me sentir a pessoa mais querida do mundo. Aquilo não podia ser verdade. Você faria isso com qualquer uma.

- Por que você está fazendo isso?
- Porque eu gosto de você.
- Quanto?
- Muito... Muito.

Embora nossos olhares se perdessem, nossos rostos se grudassem por alguns instantes, você não excedeu nenhuma barreira. A atração era forte, para ambos. No entanto, a vontade de resistir também. Caso um fragmento de moral ainda residisse em mim, este se opôs a qualquer possibilidade de beijo.  Meus beijos serão sempre do Le.

Por um momento, você me abraçou e não quis soltar. Pensei que fosse me beijar à força. Me assustei. Mas isso não ocorreu; você apenas me manteve em seus braços. 

- Eu não vou te ver mais.
- O que?
- Eu não vou te ver mais.

Você dizia isso em meio aos abraços. Dormimos mais um pouco, porém agora mais próximos que da outra vez. Sua mão dormiu na minha cintura. Alternávamos entre mãos dadas. Até que o sonho acabou. Oito horas, é hora de acordar. Enquanto o terceiro elemento acordou e foi ao banheiro, ele me deu o último abraço.

- Eu não vou te ver mais.

Tudo que eu queria era congelar aquele momento. E, por isso, a razão dessa escrita em uma manhã posterior. Não foi possível congelá-lo, eu falhei. Mas na minha memória manterei lúcidos a maior quantidade de detalhes sobre esse dia inédito. Quero que cada momento seja lembrado e relembrado, para que eu nunca esqueça do afeto que você me proporcionou nesta noite. Se a memória é seletiva, eu sempre vou escolher essa lembrança. Eu escolho o seu olhar e sorriso, as trocas de afeto intermináveis, os beijos e abraços e o seu cheiro. Além do perfume que se perdeu no meu ofato, lembro o quão cheirosas eram suas roupas, como de quem usa um amaciante muito bom. 

Embora longe, você está e sempre estará dentro de mim como aquilo que não aconteceu, mas que mexeu e mexe com meu imaginário. Você é real, existe e vive. Não me ama, provavelmente não pensará em mim. Mas marcou minha vida e está guardado nas minhas memórias mais intimas. Nossas vidas seguirão, mas aquilo que poderia ter acontecido vai sempre nos unir.

61029030 – Você é ridículo... mas em outra vida eu já te amei 

Eu (16:58): Vc gosta de Magic box, nunca vou esquecer isso hahaha 

Rot (16:59): Gosto sim. Casa comigo 

Eu (16:59): Acho que em outra vida a gente se amava. A gente era um casal. 

Rot (17:00): Acho que sim 

Eu (17:01): Hahaha só pode 

Rot (17:01): Queria vc aqui do meu lado :) 

Eu (17:02): Haha! Vem pra Sanim me visitar! 

Rot (17:04): To te paquerando, caraca, mas tu tem namorado. Nãooooooo! 

Eu (17:04): Kkkkkkkkk naooooo. To tentando achar uma coisa pra te mostrar. 

Rot (17:05): Vou ouvir if you só por causa disso 

Eu (17:05): Isso, escuta ai a nossa musica. Tocou no nosso casamento na outra vida. Eu sei disso! 

Rot (17:06): Me avisa quando tu terminar com esse cara ai.

Eu (17:07): Kkkkkkkk eu não vou terminar 


~ Fim ~